De tão desejado pela humanidade ele chegou a ser conhecido
como “ouro branco”. Mas o açúcar não é apenas o responsável por conferir o
reconfortante gosto adocicado aos alimentos e uma – por vezes importante – dose
extra de energia . Ele pode ser encontrado onde menos suspeitamos e, quando
usado em excesso, está relacionado a uma série de processos que podem prejudicar
a saúde do corpo. Confira algumas pesquisas e curiosidades sobre esse amigo do
paladar.
Açúcar: uso em excesso provoca danos à saúde
Açúcar no salgado?
É isso mesmo: ele marca presença no pãozinho francês, no molho de tomate, no
catchup, na mostarda e em vários outros itens que não têm nada de doce. De
acordo com Amanda Epifânio, nutricionista do Centro Integrado de Terapia
Nutricional (Citen), da capital paulista, nem sempre o açúcar tem a função de
adoçar: “ele pode ser usado para dar um tom caramelizado ao alimento”, conta.
Simples e rápido
Sim, ele é um carboidrato. Por esse motivo, é muito difícil saber qual a
quantidade exata de açúcar adicionada em um produto. “No rótulo, geralmente
encontramos os valores referentes aos carboidratos totais, ou seja, o
consumidor não consegue identificar qual parcela corresponde ao açúcar
adicionado na preparação do alimento”, explica a nutricionista. O açúcar usado
na alimentação humana é um carboidrato simples e de ação rápida, ou seja, é
facilmente transformado em glicose, sendo assim uma fonte rápida de energia.
Excesso que gera rugas
Como se não bastasse o risco que representa para o tamanho da cintura, ele
também causa estragos na pele, conforme explica a dermatologista Marcella
Delcourt, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD): “A ingestão
exagerada ou lentidão do metabolismo da glicose pode fazer com que uma molécula
de açúcar se agregue a outra de proteína, num mecanismo chamado de glicação. A
combinação dá origem aos AGEs, um complexo rígido que altera a estrutura das
fibras de colágeno da pele. Assim, elas deixam de desempenhar seus papéis mais
importantes, facilitando o aparecimento das rugas”.
Ruim para o bebê
Pelo menos é esse o resultado de uma pesquisa publicada na Revista Americana de
Nutrição Clínica. Segundo Catarina Stocco, nutricionista do Centro de Educação
Avançada em Saúde CKS, de Curitiba (PR), os cientistas responsáveis pelo estudo
compararam a dieta de 454 mães de crianças com doenças como a espinha bífida –
que provoca má-formação na coluna vertebral – com aquela seguida por 462 mães
de crianças saudáveis. Descobriram que o risco do bebê desenvolver problemas de
saúde dobra quando a mulher segue uma alimentação rica em açúcar e que
quadruplica naquelas que são obesas.
Como se não bastasse, outras pesquisas mostram que abusar de
carboidratos simples (açúcares) durante a gestação pode gerar um bebê com maior
probabilidade de ser obeso e diabético. “Eles se tornam mais sensíveis aos
sinais de hormônios ligados ao aumento da compulsão alimentar e também
apresentam preferência pelo consumo de açúcar quando viram adultos”, conta
Catarina.
Açúcar e câncer
De acordo com a nutricionista de Curitiba, quando ingerimos muito açúcar, a
taxa de glicose no sangue sobe e, para permitir que as células possam
aproveitá-la, o corpo imediatamente passa a disponibilizar a insulina. A
secreção dessa substância, por sua vez, vem acompanhada da liberação de uma
molécula chamada IGF. “Sua principal característica é estimular o
desenvolvimento das células. Resumindo, o açúcar nutre e faz com que os tecidos
cresçam rapidamente”, explica a profissional. Como o alimento também leva à
inflamação, pode ser considerado um verdadeiro “adubo” que trabalha em favor
dos tumores.